PESQUISAS
DOCENTES
Imaginando a agência: corpos e artefatos rituais na Amazônia indígena
Trata-se de uma pesquisa comparativa focalizando cinco artefatos diferentes em contextos rituais: o corpo vivo, os troféus de guerra, as flautas sagradas, as máscaras e as efígies antropomorfas. O objetivo é analisar os mecanismos formais e a pragmática ritual por meio dos quais esses artefatos produzem um estado de incerteza, capturam a imaginação e convocam uma presença putativa. Os casos estudados ocorrem em uma extensa área das Américas, mas têm como principais âncoras empíricas, minha própria pesquisa de campo entre os Parakanã e os Kuikuro.
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A História Tripartida Entre os Kanamari da Amazônia Ocidental
Luiz Costa - Dep. de Antropol. Cultural - IFCS
O projeto analisa a articulação da organização social com a mudança histórica a partir da etnografia dos Kanamari, povo de língua Katukina do sudoeste do estado do Amazonas. Os Kanamari narram a sua história a partir de um esquema tripartite segmentado em “Tempos” ou “Eras”. 1) o “Tempo de Tamakori”, cujo nome é uma referência ao herói-criador, delimitando o tempo anterior ao contato com os não-índios; 2) o “Tempo da Borracha”, que cobre o período no qual participaram da economia extrativista da região, (final do século XIX até meados do século XX); 3) o “Tempo da Funai”, iniciado com a chegada do um funcionário do órgão indigenista em 1972, se estendendo até o presente, sendo caracterizado pelo cancelamento de dívidas com os patrões da borracha e da madeira e pela demarcação da Terra Indígena do Vale do Javari, onde atualmente habitam. O projeto não só investigará a história tripartida kanamari e seus desdobramentos, mas também buscará compará-la com os esquemas de periodização da história de outras sociedades do sudoeste amazônico, onde tais esquemas são ao mesmo tempo muito difundidos e extremamente produtivos em termos etnográficos. |
PÓS-DOUTORANDOS
No tempo do mato: uma etnoarqueologia da territorialidade
Juliana Salles Machado
A pesquisa “No tempo do mato: uma etnoarqueologia da territorialidade” visa ampliar a prática interdisciplinar de pesquisa entre a antropologia, a ecologia histórica e a arqueologia. Esta pesquisa se insere em uma busca mais ampla pela compreensão das formas de uso e transformação de território por populações tradicionais na longa duração, dialogando com os saberes e fazeres compartilhados pelas populações tradicionais e o conhecimento produzido sobre estas populações pelas pesquisas científicas. Trata-se de uma reflexão sobre a relação entre as práticas atuais de criação de territorialidade, isto é, o significado do uso e manejo ambiental praticado por população locais e os padrões de assentamento e manejo perceptíveis em sítios arqueológicos e seus entornos em tempos pré-coloniais e coloniais. Para tanto é explorado o conhecimento, uso e transformação de componentes da paisagem, especialmente focando no reconhecimento das chamadas “paisagens culturais”, isto é, na identificação dos fatores antrópicos do ambiente, dialogando com a noção de “lugares de gente” e compartilhando os pressupostos da ecologia histórica mais comumente aplicados à região amazônica, mas que recentemente vem sendo discutidos no contexto do sul do Brasil, principalmente para a chamada mata de araucárias. |
Da 'Moderne Ethnologie' à etnologia indígena moderna: Curt Nimuendajú e a tradição germânica nas Terras Baixas da América do Sul
Elena Welper (FAPERJ) / (PPGAS - MN)
Este projeto tem como objeto de estudo a vida e obra de Curt Nimuendajú (1883-1945), etnógrafo alemão consagrado por sua contribuição à etnologia brasileira. Para tanto, abrange a pesquisa documental em arquivos, bem como o trabalho de campo junto a populações indígenas que tiveram suas histórias transformadas pela passagem daquele pesquisador. Além de contribuir para o conhecimento das sociedades indígenas brasileiras, esta pesquisa busca refletir sobre a tradição etnográfica alemã e suas influências sobre o a etnologia brasileira. A pesquisa se propõe a recuperar e analisar criticamente o registro etnográfico produzido por Curt Nimuendajú ao longo de seus 40 anos de trabalho de trabalho de campo, e promover a disponibilização, por meio de publicações impressas e digitais, dos seus manuscritos inéditos. |
Uma Cartografia de Relações: produção e circulação de artefatos e pessoas no Alto Rio Negro
Thiago Oliveira (PNPD CAPES) / (PPGAS - MN)
Este projeto tem como objeto as diferentes perspectivas e contextos em que os Baniwa, do noroeste da Amazônia brasileira, compreendem e se envolvem com a sua cultura material. Seu horizonte etnográfico é o sistema interétnico do Alto Rio Negro (ARN) e o horizonte conceitual são as categorias de artefato, cultura material e os contextos de produção, circulação e uso de objetos, pensados no bojo da temática antropológica mais ampla da relação entre pessoas e coisas. Visa-se, neste contexto etnográfico e por meio desses conceitos, descrever as relações por meio das quais os artefatos são produzidos pelos Baniwa, assim como as conexões existentes entre a produção, circulação e o uso de artefatos e técnicas. A base documental do projeto provém do trabalho de campo em aldeias baniwa e nas cidades amazônicas de São Gabriel da Cachoeira e Manaus, assim como de arquivos e acervos etnográficos dos principais museus do país. |
A cena indígena contemporânea no mundo globalizado:
comparações entre o cinema kuikuro e o Festival Tradicional Luvale.
Isabel Penoni Musée du quai Branly (2015-2016) O projeto propõe uma análise da recente produção artístico-cultural de duas populações indígenas: os Kuikuro do Alto Xingu (Brasil) e os Luvale do Alto Zambeze (Angola). A análise comparativa tem como foco duas manifestações específicas: o cinema kuikuro e o Festival Tradicional Luvale. Interessa ao projeto investigar a maneira como o ritual vem sendo apropriado e ressignificado de maneira inédita por meio de novas tecnologias e expressões artístico-culturais contemporâneas. No caso dos Kuikuro, trata-se de refletir sobre um conjunto de filmes que abordam o ritual por meio de uma linguagem cinematográfica que combina ficção e documentário a serviço de uma nova tecnologia da memória. Já no caso dos Luvale, trata-se de analisar um espetáculo que oscila entre o ritual (no sentido de um contexto transformacional em que homens convertem-se em ancestrais e vice-versa) e o que eles mesmos qualificam como “teatro”. O projeto envolve um forte componente interdisciplinar, situando-se entre a antropologia e os estudos da performance e do espetáculo. |
Colonização e cativeiro: a experiência de Hans Staden
A pesquisa explora o relato Verdadeira história dos selvagens, nus e ferozes devoradores de homens, publicado em 1557 pelo alemão Hans Staden, que fora cativo dos índios Tupinambá, destinado ao festim antropofágico. A abordagem privilegia o diálogo entre Antropologia e História, procurando aproximar a experiência de Staden à teoria da maestria proposta por Fausto, além de problematizar as categorias “mair” e “perô”, indagando sobre a mediação da antropofagia nas relações estabelecidas entre indígenas, portugueses e franceses durante o período inicial de colonização do território hoje correspondente ao Brasil. |
Organização Social e Vida Ritual entre os Bora na Amazônia Colombiana
Maria Luísa Lucas Musée du quai Branly (2019-2020)Os Bora, povo indígena da área do Caqueta-Putumayo, são conhecidos na literatura antropológica por seu longo histórico de contato com os não-indígenas, onde o capítulo sobre a Casa Arana é sem dúvida crucial. Entretanto, muito resta por fazer no sentido de produzir informações a respeito de quem são os Bora para além do conflito caucheiro do começo do século XX. A pesquisa de campo leva a crer que os domínios da organização social e da vida ritual são temas ainda pouco analisados nos estudos sobre os povos auto-denominados "Gente del Centro" e que, se tratados devidamente, esses temas podem ajudar-nos a contribuir com uma discussão mais ampla que está em curso sobre a abrangência e os limites das relações assimétricas na Amazônia indígena. |
DOUTORANDOS
Ritual do Inimigo Tapirapé
Ana Coutinho (PPGAS/MN)
A partir de levantamento documental e realização de trabalho de campo entre os Apyãwa (Tapirapé), povo Tupi-Guarani que habita a serra do Urubu Branco, no nordeste do estado do Mato Grosso, a pesquisa tem como objetivo geral investigar os diferentes modos de relação que estão implicados no fazer da tarywa (ciclo ritual/"festa"). Como já descrito por Baldus (1970) e Wagley (1988), durante a atividade ritual diversos "espíritos" (axyga) visíveis por meio de máscaras vêm visitar a aldeia. O “fazer” do ritual envolve ainda perspectivas que não foram devidamente descritas pela etnografia clássica sobre os Apyãwa (Tapirapé), a saber, a dos donos da festa, das mulheres, dos pajés, dos mortos e dos membros do grupo local. Temos como hipótese preliminar que o ritual do inimigo (Tawã) apresenta notável centralidade na estruturação do ciclo de festas, demonstrando, desse modo, um nexo Tupi-guarani de reprodução social. Pretendo, ao apresentar o ciclo ritual e seus personagens, evidenciar aspectos da cosmogonia, dos modos de organização social e do parentesco apyãwa (tapirapé). Bem como inserir esse trabalho nos debates teóricos mais amplos sobre as relações ditas simétricas e assimétricas na Amazônia Indígena. |
Quase como irmãos: uma etnografia das relações assimétricas entre os Kadiwéu
Messias Basques (PPGAS - MN)
O objetivo da tese é a análise de relações assimétricas entre os Kadiwéu, povo de língua Guaikuru que se encontra no Estado de Mato Grosso do Sul. Na década de 1980, a retomada de fazendas destinadas ao arrendamento, prática concebida e orquestrada pelo Serviço de Proteção aos Índios, promoveu o aparecimento dos bajendeoodi ejiwajegi (fazendeiros kadiwéu) e de duas associações: a Associação das Comunidades Indígenas da Reserva Kadiwéu (ACIRK) e a Associação dos Criadores do Vale do Aquidaban e Nabileque (ACRIVAN), entidade que reúne pecuaristas arrendatários. A hipótese é que a divisão assimétrica do território, fragmentado em mais de uma centena de fazendas de criação de gado, atualizou as distinções entre senhores, descendentes de cativos e não indígenas, articulando-as com a figura dos “patrões” (pecuaristas, GonekalayeGegi), que mantêm com os Kadiwéu uma relação ambivalente e igualmente marcada por assimetrias, alianças e conflitos. |
Interpretes Indígenas em processo de contato
Luana Almeida (PPGAS - MN)
A pesquisa trata da atuação de índios Jaminawa como intérpretes, a convite da Funai, no processo de contato com um grupo Pano que vivia isolado e decidiu sair da mata. Convidados para desempenhar o papel de tradutores linguísticos, eles acabaram operando também como mediadores, ajudando a esclarecer equívocos culturais e linguísticos, solucionar conflitos e estabelecer vínculos de confiança. Ao mesmo tempo em que mediaram as relações entre índios e não índios, criaram e alimentaram suas próprias redes relacionais, o que implicou em desdobramentos não previstos, e não desejados, pela Funai, tais como a transmissão de conhecimentos e novos hábitos. A tese está sendo construída a partir desse contexto etnográfico. |
Viver-mover: territorialidade e diferença entre os Nadëb do Alto Uneiuxi
Nian Pissolati (PPGAS - MN)
O povo Nadëb habita tradicionalmente o interflúvio dos rios Negro e Japurá, no Noroeste Amazônico brasileiro. São um dos quatro povos a formar a família linguística Naduhupy – ao lado dos Hupd’äh, Yuhupdeh e Dâw. Apesar da profusão de estudos desenvolvidos nesta área etnográfica, não existe, até o momento, pesquisa antropológica de fôlego com este povo. O objetivo geral da pesquisa é realizar um estudo etnográfico com o povo Nadëb do Alto Uneiuxi. O foco principal do trabalho são as relações construídas pelo grupo com o espaço, a partir da descrição de seus caminhos (de terra e de água), seus cantos tradicionais e sua inserção em processos contemporâneos de gestão e proteção territorial. |
NUMIÃ KURÁ: Associação (arte)sanato, educação, e sua identidade cultural na Amazonia.
Isabel de Oliveira (PPGAS - MN)As mulheres indígenas residentes em Manaus fazem parte de uma associação e que tem sua própria SEDE. É uma pesquisa que está sendo desenvolvida a partir da convivência e as suas novas formas de assimetria vivenciadas dentro da associação das mulheres indígenas do alto rio negro – AMARN “NUMIÃ KURÁ” que significa – Grupo de Mulheres. Traçar um olhar panorâmico sobre o trabalho da confecção do artesanato de mulheres indígenas que residem na cidade de Manaus, provenientes de várias etnias do alto Rio Negro. Os artesanatos feitos por essas mulheres são vendidos de maneira informal, por não serem considerados trabalho legal regido pela lei, e com isso elas sofrem perdas econômicas e muitas vezes o seu fluxo de vendas é limitado. Ainda assim, seu trabalho é um meio de sustento para suas famílias, ajudando também a evitar perdas culturais. Mesmo com grandes desafios enfrentados, a cada dia elas lutam pelos seus direitos, procurando viver com dignidade e respeito à sua identidade cultural, passando o seu conhecimento de geração em geração através da língua tukano em um espaço cultural “ Buû Miri” que significa Pássaro. Propondo melhores estratégias de trabalho na confecção de artesanatos como afirmação de sua identidade cultural no trabalho coletivo e colaborativo. |
Relações Entre Índios e Cães na Amazônia Indígena
Paulo Bull (PPGSA - IFCS)Os cães foram introduzidos nas sociedades indígenas amazônicas pelos brancos na Conquista e, desde então, têm sido uma presença constante nas aldeias da região. Com sua rápida dispersão pelas Terras Baixas da América do Sul, hoje é raro encontrar um grupo indígena que não estabeleça relações com este animal. Mesmo que os cães sejam em alguns grupos valorizados e em outros sejam aparentemente presenças insignificantes, vê-se que sua inserção constante nas aldeias indígenas não corresponde à falta de trabalhos dedicados ao tema que neste projeto procuro me deter. Mesmo que viajantes e cronistas – e posteriormente alguns antropólogos – tenham descrito sobre a finalidade prática na caça do animal, as relações entre índios e cães na Amazônia indígena passaram despercebidas nas etnografias - embora muitos etnólogos tenham tido impressões e experiências etnográficas pertinentes sobre o tema. A partir de uma articulação entre os dados de cronistas, viajantes e etnógrafos, este projeto busca analisar os processos de cuidado, controle e treinamento de cães na Amazônia, processos por meio dos quais esses animais exógenos se tornam aptos a participarem da caça e a predarem outros animais. Diferentemente da adoção-familiarização de outros animais, no caso do cão é preciso produzir um animal ao mesmo tempo familiar (para dentro) e capaz de violência-predatória (para fora). |
Guerra, Ritual e Parentesco entre os Korubo do Vale do Javari – Amazônia Ocidental Brasileira
Bernardo Vargas (PPGSA - IFCS)Este projeto de pesquisa aprofunda reflexões sobre a sociedade e cultura dos índios Korubo que vivem no Vale do Javari - AM. Durante o século XX eles evitaram consolidar contatos com membros da sociedade majoritária que ocupavam com mais intensidade seus territórios até que episódios de guerra com os invasores provocaram profundas desestabilizações sociais, conflitos internos, dispersões e isolamento geográfico entre grupos locais desta etnia. Neste contexto, o objetivo da investigação é compreender, através de elementos etnográficos levantados em trabalhos de campo de longa duração, os processos socioculturais e territoriais ocorridos entre os Korubo nas últimas cinco décadas, realizando uma análise comparativa com a literatura etnológica sobre guerra, ritual e parentesco entre povos da família linguística Pano |
Memória Social e Gênero no Alto do Rio Negro
Mariam Daychoum (PPGAS - MN)A partir do contexto de patrilinearidade, virilocalidade e exogamia linguística das comunidades do Alto do Rio Negro que formam a família linguística Tukano Oriental, proponho-me a investigar etnograficamente a memória social feminina entre os povos de língua Tukano. Tenho por objetivo identificar se há diferenças em relação à organização da memória social masculina, categorias interpretativas comuns e possíveis intervenções da memória feminina nas estruturas de memória coletiva. Ao invés de pressupor o sistema cultural Tukano como produto dos valores e concepções masculinas, busco compreender como as regulações sociais são incorporadas pelas mulheres. O enfoque do trabalho é a identificação de diferenças, campos de disputa, assimetrias de fundo entre gênero, e suas implicações na construção da memória social. |
Cuidar e temer. Por uma etnografia dos donos, patrões e chefes Hupd´äh
Rafael Moreira (PPGAS - MN)A pesquisa enseja explorar o tema das relações assimétricas no contexto do noroeste amazônico, a partir do ponto de vista dos Hupd´äh da região do alto rio Negro. Baseando-me na realização de pesquisa etnográfica de longa duração, objetivo descrever os diferentes nexos que os Hupd´äh revelam ao relacionarem-se com os /yo´òm´d´äh/. De modo geral, os Hupd´äh empregam esse termo para designar desde representantes do governo, políticos, padres, pesquisadores, comerciantes, donos de roças, animais, espíritos e seres em diferentes planos do cosmos ou mesmo o chefe de dada comunidade ou de instituições públicas. De modo preliminar, parece que os /yo´òm´d´äh/ evidenciam um conjunto de assimetrias marcadas. Elas são características daqueles que assumem as posições de donos, patrões e chefes a partir de certas relações específicas, que despertam temor e demandam cuidado dos Hupd´äh.
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Produção audiovisual e memória guarani mbya.
Aline Moschen (PPGAS - MN)A partir do fenômeno da produção audiovisual guarani mbya, a pesquisa trata da incorporação do registro por imagem em uma cultura tradicionalmente oral. Ao explicitar as diferenças geracionais nos processos de memória através da performance em vídeo, investiga os modos de elaboração, os efeitos e as mobilizações cosmopolíticas da prática do audiovisual como ferramenta de contato e mediação cultural produzida por jovens indígenas localizados nas aldeias do município de Aracruz (ES), no Brasil. |
Fotobservatorio Yanomami: Um Espaço de Repatriação e Criação Visual
Valeria Vega (PPGAS - MN)O projeto visa construir um Observatório Fotográfico Yanomami a partir do estudo e problematização de imagens pertencentes a coleções fotográficas específicas, a incorporação dos conceitos deste grupo indígena em torno a imagem e o esquecimento; assim como a participação dos Yanomami, tanto no processo de pesquisa nos arquivos fotográficos, quanto na produção de suas próprias fotografias. Se consideram essenciais na pesquisa as categorias e narrativas nativas, para entender o lugar que a fotografia tem na constante transformação das realidades, identidades e expressões artísticas Yanomami, e promover a formação de pesquisadores e fotógrafos indígenas em projetos artísticos e sociais que lhes concernem, criando condições de participação colaborativa para a reflexão sobre as imagens, a produção fotográfica própria e o uso de novas tecnologias que lhes assegurem o livre acesso e real controle sobre o destino das imagens. |
Maestria e História entre os Apurinã do Médio Purus
Danielle Araujo (PPGSA - IFCS)A pesquisa tem como objetivo compreender o lugar da maestria e da agência entre os Apurinã, povo de língua Arawak que se localizam majoritariamente na região do médio Purus, buscando compreender os processos de construção de agência entre os Apurinã dentro das relações assimétricas de maestria que começaram a ser produzidas durante o período da economia da borracha no Purus, que ocorreu durante o final do século XIX e começo do século XX, e que reverberam nas relações atuais desse povo. |
Roça e transformação na cidade: um estudo em Santa Isabel do Rio Negro (noroeste amazônico)
Thayna Ferraz (PPGSA - IFCS)O objetivo deste projeto é analisar as percepções e conceituações das mulheres indígenas sobre as transformações das técnicas e da estética das práticas de cultivo agrícola no contexto urbano da cidade de Santa Isabel do Rio Negro, localizada no noroeste da Amazônia brasileira. A partir da descrição e análise de alguns procedimentos técnicos envolvidos no fazer roça, pretendo analisar como os indígenas envolvidos na pesquisa percebem processos de mudança e permanência das práticas de cultivo na cidade. |
MESTRANDOS
Boe: construção da pessoa e o conceito de parentesco entre os Bororo.
João Kelmer (PPGAS - MN)Essa pesquisa visa investigar o nexo entre o conceito de parentesco e a construção da pessoa entre os Bororo. A noção de Boe (humanos/gente) ocupa uma posição central na análise, na medida em que os domínios da humanidade e do parentesco são, no limite, coextensivos. A hipótese aqui é de que a fabricação da pessoa e o estabelecimento do campo do parentesco se concretizam como o domínio da humanidade (boe) interpondo-se entre dois princípios antagônicos: por um lado, trata-se de uma negociação constante com o poder simultaneamente criativo e destrutivo do bope, por outro, é um movimento em direção ao mundo dos aroe (mortos-ancestrais), que orienta as ações no mundo dos vivos e representa o destino dos boe após a morte. |
Do "bugre" ao trickster: Memórias de meu pai Mac Suara Kadiwéu
Idjahure Kadiweu (PPGAS - MN)A partir do resgate de um raro material audiovisual registrado pelo ator e liderança indígena Mac Suara Kadiwéu, a pesquisa se configura como uma etnografia da memória entre o povo Ejiwajegi (Kadiwéu). Centrada em torno do ritual do Etogo, a Festa do Navio, antigo ritual Kadiwéu em memória à Guerra do Paraguai, a pesquisa tematiza as relações interétnicas, ritual, memória, história e transformação em meio ao povo Ejiwajegi. |