Luiz
Costa
Luiz Costa é professor do Departamento de Antropologia Cultural e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, UFRJ. Realiza pesquisa entre os Kanamari do oeste do Estado do Amazonas desde 2002. Publicou artigos em Mana. Revista de Antropologia Social, Journal de la Société des Américanistes e Religion and Society: Advances in Research, entre outros. Seu livro Fabricating Necessity: Kinship and Ownership among the Kanamari of Western Amazonia encontra-se no prelo.
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Projetos
A História Tripartida entre os Kanamari da Amazônia Ocidental |
O projeto analisa a articulação da organização social com a mudança histórica a partir da etnografia dos Kanamari, povo de língua Katukina do sudoeste do estado do Amazonas. Os Kanamari narram a sua história na forma de um esquema tripartite que segmenta o passado em “Tempos” ou “Eras”: (1) o “Tempo de Tamakori”, cujo nome é uma referência ao herói-criador, e que delimita o tempo anterior ao contato com a população não-indígena; (2) o “Tempo da Borracha”, que cobre o período no qual participaram da economia extrativista da região, compreendido do final do século XIX até meados do século XX; (3) o “Tempo da Funai”, que se inicia com a chegada do um funcionário do órgão indigenista em 1972 e se estende ao presente, e que é caracterizado pelo cancelamento de dívidas com os patrões da borracha e da madeira e a demarcação da Terra Indígena do Vale do Javari, onde atualmente habitam. Os “tempos” históricos kanamari replicam o processo de ocupação exógena da região que tradicionalmente habitam, mas, longe de ser uma reação passiva a uma história que lhes é imposta, cada um dos ‘tempos” é narrado como tendo um efeito único sobre uma instituição social nativa, rotulado de “subgrupo” pela literatura, que não pode ser definido sem referência ao esquema histórico tripartido. Desta forma, o subgrupo não é uma instituição “tradicional” que se submeteu ao processo histórico, mas uma instituição que só pode ser acessada por meio da história tripartida e que, por isso, não é nem exatamente atemporal, pois é ancorado em eventos históricos, nem exatamente processual, uma vez que transcende as interpretações dos eventos que a compõem. O projeto não só investigará a história tripartida kanamari e seus desdobramentos, mas também buscará compará-la com os esquemas de periodização da história de outras sociedades do sudoeste amazônico, onde tais esquemas são ao mesmo tempo muito difundidos e extremamente produtivos em termos etnográficos. |
Principais
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Livros:
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